A inflação de julho, de 0,19%, foi a menor para o mês em cinco anos. E poderia ter ficado perto de zero se não fossem os reajustes na conta de energia elétrica.
A alta do IPCA, calculado pelo IBGE, ficou abaixo das projeções dos economistas ouvidos pela agência de notícias Bloomberg, que previam inflação de 0,24% no mês, em mais uma indicação da dificuldade de recuperação da economia brasileira.
“O item energia elétrica foi o destaque no grupo habitação, com as contas de luz ficando em média 4,48% mais caras para o consumidor”, afirmou o IBGE em nota.
De acordo com a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), a bandeira tarifária verde é sem custos para os consumidores. A amarela, por sua vez, tem custo de R$ 1,50 para cada 100 quilowatts-hora consumidor. Já a vermelha patamar 1 apresenta custo de R$ 4 para cada 100 quilowatts-hora consumidos.
São Paulo, no caso, teve alta de 7,59% nas contas de luz da região metropolitana. Curitiba apresentou reajuste de 3,18%, e em Porto Alegre a energia ficou 3,36% mais cara.
Mesmo com a forte alta nessa despesa das famílias, o IPCA de julho foi o mais baixo para o mês desde 2014, quando a inflação ficou praticamente estável, em 0,01%. No ano passado, fora de 0,33%.
Considerados os principais grupos, o maior peso para a alta da inflação foi do grupo habitação. Os demais tiveram impacto praticamente nulo.
Além da conta de luz, outro impacto positivo para a inflação no segmento habitação, que subiu 1,20% em julho, foi a alta em taxa de água e esgoto, de 0,73%. Porto Alegre, por exemplo, reajustou suas tarifas em 7,69%.
Já o segmento alimentação e bebidas ficou praticamente estável, variando 0,01%. Altas em cebola (20,7%), frutas (2,51%) e carnes (1,10%) foram amenizadas por quedas em tomate (-11,28%), feijão-carioca (-8,86%), hortaliças (-4,98%) e batata-inglesa (-3,68%).
Esse grupo tem tradicionalmente um peso grande na inflação, porque representa uma parcela importante do consumo das famílias. Com a estabilidade, ajuda a manter a inflação controlada.
Em outro sinal de que consumidores andam com pouca capacidade de consumo, houve deflação nos segmentos de vestuários (-0,52%), saúde e cuidados pessoais (-0,20%) e transportes (-0,17%).
No ano, o IPCA varia 2,42%, e, no acumulado em 12 meses, a inflação está em 3,22%, abaixo da meta estabelecida pelo Banco Central, que é de 4,25%, mas ainda dentro da margem de tolerância de 1,5 ponto percentual, para cima ou para baixo.
Na semana passada, o BC reduziu a taxa Selic para 6%, em uma tentativa de estimular a economia brasileira, que ainda patina. A redução da taxa foi mais agressiva que o 0,25 ponto percentual esperado.
Com mais um indicador de desaceleração da inflação, a expectativa do mercado financeiro agora é que outros cortes sejam feitos até o fim do ano.
Com informações do diarioinduscom