Pesquisa e tecnologia colocam o Paraná na rota nacional das maçãs

Foto: AEN-PR

A pesquisa e a tecnologia ajudaram o Paraná a marcar presença, mesmo que ainda de maneira sutil, em um seleto mercado dominado pelos vizinhos do Sul. A idealização do cultivar de maçã Eva, no fim da década de 1970, pela antiga Iapar-PR (atual Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná –IDR/PR), possibilitou ao Estado produzir uma especialidade da fruta que tem baixa necessidade de frio, com maturação precoce e ciclo desde a floração estimado em 123 dias.

As características fazem com que a colheita da Eva comece em dezembro, antes de outras variedades como Gala e Fuji, que dominam as plantações de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Assim, a espécie “paranaense” chega antes ao consumidor, ganhando uma fatia importante do mercado de maçãs. É essa história que vai abrir o mês de março da série “Paraná que alimenta o mundo”, conjunto de reportagens que pretende ressaltar o poderio do Estado no agronegócio.

“Podemos dizer que foi uma maçã desenvolvida no Paraná, que como precisa de poucas horas de frio, pode ser plantada em mais cidades, como na Região Metropolitana de Curitiba”, diz o engenheiro agrônomo da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento, Paulo Camargo.

PAULA FREITAS – Um dos beneficiários da técnica é o agricultor Rui Afonso Fleith, de Paula Freitas, no Sul do Paraná. Há duas décadas no ramo, ele colhe cerca de 500 toneladas de frutas por ano. Em torno de 80% da produção, ou 400 toneladas, são da maçã Eva – kiwi e ameixa completam as variedades.

Ele conta que a produção de maçã tem destino certo. A maior parte vai para Fraiburgo, em Santa Catarina. De lá, um distribuidor parceiro encaminha para diferentes pontos do País. Outra fatia, menor, fica na própria região, no comércio de cidades como União da Vitória, Porto Vitória e Paulo Frontin. “Já as frutas machucadas são comercializadas com fábricas que fazem vinagre”, conta Fleith.

“Como nessa região não faz muito frio, a Eva se adaptou perfeitamente por ser menos exigente. Além disso, por colher antes das grandes áreas produtoras, conseguimos um preço um pouco melhor”, afirma o agricultor.

Fleith destaca que a espécie é bastante produtiva, com frutos de excelente aspecto visual, firmes, suculentos, adocicados e com agradável teor de acidez. Há, porém, o que melhorar. Ele explica que a obsessão na fazenda é para que a maçã ganhe mais cor, principal atrativo para clientes de quitandas, supermercados e sacolões. Quanto mais chamativa, mais fregueses. “Buscamos uma mutação para que fique ainda mais colorida”, diz.

PRODUÇÃO – Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral), vinculado à Secretaria da Agricultura e do Abastecimento, o Paraná é o terceiro produtor nacional de maçã com 3,6% de participação no mercado interno. Em 2019 foram 28,4 mil toneladas e Valor Bruto de Produção (VBP) de R$ 69,2 milhões – Rio Grande do Sul (53,7%) e Santa Catarina (41,7%) dominam o mercado.

Quase metade da produção estadual está concentrada na região de Curitiba (49,2%), com destaque para a Lapa, o segundo município produtor do Paraná, com 22,8% das colheitas. Palmas, no Sudoeste, responde por 27,9% da colheita, liderando a atividade que se espalha por 37 municípios de Paraná.

Nas Ceasas do Estado foram comercializadas 46,5 mil toneladas da fruta em 2019, a sétima em volume (8,1%) e a primeira em montante financeiro transacionado, com R$ 194,7 milhões (13%). O preço médio do quilo se estabeleceu em R$ 4,18.

Para 2021, a safra no Paraná deve superar 32 mil toneladas, o que representa uma oferta ajustada ao consumo, por isso o preço melhor para o produtor. Desse total, 14 mil toneladas são da variedade Eva.

TECNOLOGIA – Para conseguir maior faturamento e mais sobras de caixa é necessário elevar a produtividade. Para isso, os produtores estão trabalhando em novas tecnologias como a questão nutricional das plantas, além de não descuidar da poda, prática essencial do cultivo de maçã.

Outro ponto é a aplicação de novos produtos para quebra de dormência da planta e pomares mais adensados, com pés mais altos. Na questão nutricional, a preocupação dos produtores é equilibrar a planta com aplicação de adubo, correções de solo.

ARMAZENAGEM – O Paraná conta também com a rede de frio do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná, que mantém um armazém com capacidade para 7,5 mil toneladas em Guarapuava, onde também são feitas as classificações e embalagens das frutas. A iniciativa privada, por sua vez, coloca à disposição dos produtores mais câmaras frias que totalizam um adicional de 3 mil toneladas.

SÉRIE – As maçãs de Paula Freitas fazem parte de uma série de reportagens “Paraná que alimenta o mundo”, desenvolvida pela Agência Estadual de Notícias (AEN) que busca mostrar o potencial do agronegócio paranaense. Os textos serão publicados sempre às segundas e quintas-feiras. A previsão é que o material se estenda durante todo o ano de 2021.

AEN-PR