Brasileiro quer usar crítica para conter barreiras

Exportadores de frutas do Brasil querem usar o questionamento feito pelo presidente Donald Trump para negociar com os EUA a queda de barreiras que ainda existem contra produtos nacionais. O presidente da Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas (Abrafrutas), Luiz Roberto Barcelos, afirma que vai pedir ao Itamaraty para incluir o acesso ao mercado americano para frutas brasileiras na agenda de um eventual debate com Trump.

No início da semana, Trump criticou a relação comercial com o Brasil e Índia. Para o setor exportador brasileiro, se as críticas de Trump resultarem em uma eventual pressão do governo americano por renegociar as tarifas entre os dois países, a agenda do diálogo bilateral terá de incluir um debate sobre as barreiras aos produtos nacionais. No caso das frutas, o mercado americano consome apenas US$ 50 milhões em exportações brasileiras, de um total de US$ 840 milhões em vendas de frutas nacionais para o mundo.

De acordo com ele, barreiras no setor de mamão, manga, produtos cítricos e as taxas de importação de 28% sobre o melão estão entre os principais problemas no mercado americano. “Essa pode ser uma boa oportunidade para falar das barreiras que sofremos”, disse Barcelos, considerado como o maior exportador de melão de mundo e com uma produção em 11 mil hectares.

Nos últimos anos, o Brasil se transformou no 3.º maior produtor de frutas do mundo, superado apenas por China e Índia. “Mas exportamos menos de 3% de nossa produção”, destacou o exportador

Enquanto o Brasil espera chegar a quase US$ 1 bilhão em vendas em 2018, as taxas mostram o Equador com exportações de US$ 3,3 bilhões em frutas e o Chile com US$ 4,5 bilhões. O caso que mais chama a atenção do setor privado brasileiro é o do Peru. “No ano 2000, o Brasil exportava US$ 500 milhões em frutas e o Peru exportava US$ 100 milhões”, disse Barcelos. “Hoje, o Brasil exporta US$ 840 milhões e o Peru vende mais de US$ 2,7 bilhões”, alertou.

Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura, também defende que uma eventual negociação com os americanos inclua as barreiras sofridas pelos produtos nacionais. “Esse pode ser uma oportunidade para falar desses temas”, declarou. Segundo ele, um projeto amplo foi desenvolvido pelo setor privado com recomendações para o próximo governo brasileiro e a negociação de um maior acesso aos produtos nacionais é uma das prioridades.

Por Mark Grassi com informações do jornal O Estado de S. Paulo