Produção industrial do Paraná registra melhor resultado em oito anos

O Paraná encerrou 2019 com crescimento de 5,7% na produção industrial, que é a quantidade de itens fabricados no estado de janeiro a dezembro do ano passado. O melhor índice desde 2011, quando a indústria registrou alta de 11,2%, e o maior do país de acordo com dados divulgados hoje (11/2) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O estado liderou o ranking nacional ao longo do ano, enquanto o indicador nacional registrou queda acumulada de -1,1% no mesmo período.

Quando se avalia o resultado, o setor automotivo foi o que puxou o crescimento da produção industrial paranaense, com alta acumulada de 25,7% em relação a 2018. Em seguida, ficou máquinas e equipamentos, com 9,5%; alimentos, com 8,8%; fabricação de produtos de metal, 7,1%; e máquinas, aparelhos e materiais elétricos somaram 5,3%.

Entre os produtos que mais influenciaram o crescimento desses setores estão produção de automóveis, de caminhão-trator para reboques e semirreboques; caminhões, reboques e semirreboques no segmento de máquinas e equipamentos. Na área de alimentos, destaque para carnes e miudezas de aves congeladas, rações para animais, bovinos congelados e leite esterilizado. Máquinas para colheita, ar condicionado e equipamentos para refrigeração; E, ainda, torres e pórticos de ferro e aço, produtos de ferro e aço para a indústria automotiva, esquadrias de alumínio e parafusos.

Os setores que mais enfrentaram dificuldades são os da madeira, com queda acumulada de -7%; produtos derivados do petróleo -3,8%; produtos químicos, -2,2; e fabricação de móveis, -1%.

De acordo com o economista da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Evânio Felippe, o desempenho positivo da indústria paranaense em 2019 mostra que, aos poucos, o setor vem recuperando as perdas acumuladas no período de crise. “Algumas medidas adotadas pelo Governo Federal, principalmente no segundo semestre, contribuíram para melhorar o ambiente de negócios no país. A liberação do saque do FTGS, as sucessivas quedas da Selic e a expansão do crédito, o controle da inflação e a melhora na oferta de empregos se refletiram em aumento do consumo”, avalia.

Ele completa dizendo ainda que o crescimento acumulado na produção industrial, puxado principalmente pelo setor automotivo, é resultado da mudança de estratégia do segmento no país, em razão da acentuada queda nas vendas para o mercado argentino. “Com a melhora na economia brasileira e ao perceber a queda de 30% a 35% nas vendas de produtos automotivos para a Argentina no ano passado, o setor se reorganizou e focou seus esforços para atender o aumento da demanda do mercado interno. E deu certo”, comenta o economista.

Mercado de trabalho

Os dados de emprego também contribuíram para os bons resultados da produção industrial no Paraná. A indústria de transformação do Paraná fechou 2019 com saldo positivo na oferta de empregos. De acordo com os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), foram criados 1.462 novos postos de trabalho na indústria do estado. A indústria da construção civil também teve bom desempenho, com criação de 6.036 novos empregos, contra 2.301 registrados durante todo o ano de 2018, gerando um crescimento de 162%.

Os segmentos da indústria de transformação que mais contrataram foram indústria mecânica, com oferta de 1.811 novas vagas; alimentos, com 1.448; e metalúrgico, 1.085. “Com mais pessoas trabalhando e com renda, o consumo aumenta, o que favorece diversos segmentos da indústria, impulsionando a produção”, comenta o Felippe.

De acordo com o economista da Fiep, a expectativa para este ano também é positiva, mas depende da manutenção do crescimento da atividade econômica e de medidas a serem adotadas para estimular o setor produtivo. “A aprovação das reformas tributária e administrativa, as privatizações e os investimentos em infraestrutura podem contribuir para um cenário mais positivo para os negócios e aumento da confiança dos empresários para retomar os investimentos. E tudo isso pode se refletir em maior competitividade no setor e geração de mais empregos”, conclui.